“Todo mundo tá na moda” foi o
tema da 5ª edição do SENAI Brasil Fashion, cujo grand finale
aconteceu na última quinta-feira (22) com o desfile realizado no Espaço Ação e
Cidadania, no Rio de Janeiro. A diversidade e a inclusão dominaram a passarela
em minicoleções criadas por 12 duplas de alunos de unidades SENAI de nove
estados, entre eles, dois alunos do SENAI Modatec, de Minas Gerais, com a
orientação dos renomados estilistas Alexandre Herckcovich, Lenny Niemeyer, Lino
Vilaventura e Ronaldo Fraga. As peças, literalmente, “falavam”, dando recados
ao público, mostrando que a roupa também é uma forma de comunicação.
Giovanna Ewbank, mestre de cerimônias do evento, apresentou ao público o
projeto desenvolvido pelo SENAI CETIQT, principal polo formador de mão de obra
para a indústria da moda e têxtil, situado no Rio de Janeiro.
“O tema deste ano lançou para as duplas de alunos o desafio de pensarem
na diversidade de públicos que compõem a sociedade e que consomem moda,
levando-os a desenvolverem projetos de design de minicoleções de moda baseados
em necessidades, desejos, valores e lugares no mundo desses públicos
consumidores. Alguns públicos para os quais as minicoleções foram desenvolvidas
são mais próximos ou familiares aos seus criadores. Já outros
bastante distantes, em termos psicológicos, tanto desses estudantes quanto de
quem cria e produz moda no mercado hoje, mais comumente baseados em modelos
ideais de beleza, corpo, forma física, entre outros”, destaca Marcelo
Ramos, curador, pelo SENAI Cetiqt, do SENAI Brasil Fashion.
“O Senai Brasil Fashion é um enorme incentivo para todos, mesmo
para nós que trabalhamos com moda há muito tempo, porque nos dá a esperança de
que haverá continuidade, com a originalidade e a identidade que a moda
brasileira precisa”, ressaltou o estilista e coach da dupla mineira, Lino
Villaventura.
O estilista Otávio Augusto e o modelista Douglas Carlos, alunos do SENAI
Modatec ousaram ao levar para a passarela modelos amputados, que usam próteses
nas pernas. Com a coleção Os Fortes Vivem, eles desenvolveram peças
inspiradas em um cenário apocalíptico do pós-guerra. “As pessoas que
sobreviveram a uma tragédia trazem marcas e devem exibi-las como troféus”,
explicou o modelista.
Em cada
coleção, uma proposta de reflexão para uma moda mais inclusiva.
De Pernambuco,
Theo Pereira e Janaína Albuquerque apresentaram a coleção A Cor do Toque,
criada para deficientes visuais. As também pernambucanas Cintia Grazz e Fabíola
Araujo criaram peças para mulheres mastectomizadas, chamadas Corpos Tatuados.
Do Rio de
Janeiro, Isabela Santiago e Maria Levy apresentaram a coleção Após-Calypso, que
fez um manifesto em favor da cultura brasileira. A outra dupla carioca, João
Pedro e Alice Py, levaram para a passarela a coleção Tira o olho, curiosa,
inspirada no empoderamento gay.
A dupla Stevan
Krieg e Gabriela Louise, de São Paulo, trouxe a coleção VIDAtiva, acabando com
o estereótipo de que pessoas mais velhas são limitadas.
Do Piauí Eka
Alves, e Lucas Mesquita, desenvolveram a coleção Corpos em Fluxo, inspirada no
empoderamento do público LGBT.
Já a dupla
Gabriela Henkels e Milena Gardin, de Santa Catarina, apresentou a coleção
Narrativas da pele, com peças cheias de recortes e texturas, em tons de roxo,
vermelho e bege, remetendo à cicatrização da pele.
De São Paulo,
Maurício Caetano e Tamires Souza apresentaram a minicoleção Nenhuma a menos,
representando o feminismo.
Mayara Mamede e
Thiago Gritten, de Curitiba, apresentaram a coleção A semelhança entre nossas
diferenças, com peças agênero.
A dupla
potiguar Anna Elissa Dantas e Iure Dantas, desenvolveu a coleção Brilhante,
voltada para cegos e inspirada na figura do cangaceiro Jesuíno Brilhante.
Do Maranhão
vieram Marielle Matterazzi e Josene Viegas, que apresentaram a coleção Um grito
para a moda, com peças feitas a partir da desconstrução de chapéus de fibra de
buriti.
“Esta edição é um divisor de águas pelo próprio tema, que é muito pertinente
com o momento que vivemos no mundo. A partir disso, conseguimos construir uma
ação estruturante de mudança de pensamento sobre o que é diversidade e inclusão
a partir da moda”, pontuou Jackson Araujo, consultor criativo do SENAI Brasil
Fashion.
Fotos: Agência Fotosite