O nome dado ao Festival Internacional de
Documentários de Moda, Feed Dog, pode parecer estranho para quem não transita
nos bastidores do universo fashion. Entretanto, tem, no sentido, uma das bases
da moda, que é a roupa.
Feed
dog é o termo em inglês para denominar uma das peças que compõem a máquina de
costura. É por meio dele que o tecido é puxado para o próximo ponto. Logo, é
essencial para “alimentar” a confecção de uma vestimenta.
No
entanto, o festival, que acontece em Belo Horizonte de 27 de novembro a 2 de
dezembro, vai além da roupa, de desfiles, modelos e vitrines. Aborda a moda
como fenômeno cultural amplo, incorporando questões de identidade e consumo.
“Mais
que a roupa ou o estilo de vestir, a moda está ligada ao comportamento urbano.
É uma atividade que dialoga com outros meios como cinema, fotografia, indústria
e sustentabilidade. É como uma cebola, há várias camadas”, define Leonardo
Kehdi, diretor-geral do evento.
Terra boa
O
festival, criado há três anos em Barcelona, está na segunda edição no Brasil e
a capital mineira foi escolhida por ser terreno fértil para o setor. A primeira
foi realizada, no ano passado, em São Paulo.
Inclusive, o Museu da Moda de Belo Horizonte (Mumo), o primeiro do Brasil destinado à
atividade, abrigará, junto ao Sesc Palladium, as exibições de filmes, oficinas
e exposições do Feed Dog.
“Fizemos
uma votação e os espaços foram decisivos para levarmos o evento para BH. É
sempre legal abrir novos horizontes, conhecer novas pessoas”, destaca Marcelo
Aliche, diretor-artístico da mostra.
Destaques
O
comportamento urbano e as discussões mais quentes da atualidade, como
construção de identidade, etnia e impactos ambientais permeiam os filmes
selecionados para o festival.
O
longa-metragem que abre a mostra, “The First Monday in May”, “é imperdível”,
afirmam os diretores. No enredo, o baile de gala do Metropolitan Museum of Art
(MET), em Nova York, conhecido pela suntuosidade e ousadia das roupas, ou
melhor, fantasias usadas pelas celebridades.
“O
museu tem uma coleção permanente muito importante de roupas e o baile é
beneficente. Gosto muito da maneira como o filme foi desenvolvido”, coloca
Marcelo Aliche.
Outro
filme é “Fios de Alta Tensão”, uma das cinco produções nacionais que estão na
programação. O documentário investiga a importância do cabelo na construção da
identidade de indivíduos, comunidades e grupos étnicos.
“Fala
de negritude, gênero, e está inserido em uma discussão superatual. Além disso,
teremos o diretor que estará na sessão comentada”, conta Leonardo Kehdi.
Toda
a programação do Feed Dog é gratuita e as inscrições para as oficinas já estão
abertas e têm vagas limitadas.
As exibições dos filmes estão concentradas
no fim da tarde e à noite, tanto no Mumo quanto
no Sesc Palladium, ambos localizados na região Central de Belo Horizonte.
Atividades complementares às
exibições de filmes ganham referências locais
Com
12 películas na programação, sessões comentadas e outras atividades – veja
abaixo todas as atrações –, o festival traz participações locais, também.
Um
deles é o professor universitário e CEO do Movimento Moda Contemporânea Mineira
Aldo Clécius, referência para o setor em BH. É ele quem vai comandar a oficina
gratuita “Produção de Fashion Films no Smartphone”. Durante três dias, os
participantes irão roteirizar, produzir, filmar e editar, pelo celular,
curtas-metragens de um minuto.
As atividades complementares às sessões de cinema partem do
interesse da curadoria em aproximar o público dos profissionais. É para pensar na comunicação de moda para o YouTube e o Instagram. Todas as
marcas, pequenas ou grandes, têm condição de produzir material audiovisual com
qualidade e baixo orçamento. Fazer vídeos com conceito bem definido e que
conversem com o público”, explica Clécius.
Diferencial
Para
o diretor-artístico do festival, Marcelo Aliche, o protagonismo local é muito
importante. “Além de facilitar coisas como logística, os personagens locais têm
referências que nos ajudam a posicionar o festival no contexto da cidade”,
ressalta.
Outra
figura de Belo Horizonte que estará presente no Feed Dog é Kdu dos Anjos,
coordenador do Centro Cultural Lá da Favelinha, projeto cultural e artístico
realizado no Aglomerado da Serra, região Centro-Sul da capital.
Ele
fará um bate-papo no qual abordará desafios, possibilidades e efeitos da
produção cultural e artística em comunidades e aglomerados.
Clique aqui e confira a programação.
Por: Flávia Ivo
Jornal Hoje em Dia