PRIMAVERA - VERÃO 2017

Essência

28 de Março

Sônia Pinto é a convidada especial da 18ª edição do Minas Trend

O estilo de Sonia Pinto cultua as formas indefinidas, e as roupas se transformam em esculturas em movimento. No caminho oposto do consumo descartável está a beleza atemporal e levemente andrógina, sempre em formas confortáveis e inusitadas. O luxo vem nos tecidos importados de alta qualidade e nas modelagens assimétricas, onde cada detalhe reflete sua paixão pelo perfeccionismo. 

Para o desfile, que vai apresentar o inverno 2016, ela recriou as peças que mais a emocionaram em sua trajetória. A coleção “Essência” – em homenagem ao tema do evento - entra no Espaço Sonia Pinto de Belo Horizonte em 9 de abril, e no Espaço Sonia Pinto de São Paulo, 16. “Não antecipo o verão porque não acredito nessa forma de trabalho, e esta é minha diretriz há muito tempo. Prefiro lançar de cinco a seis pequenas coleções por ano, e sentir o que minhas clientes desejam num determinado momento”. A surpresa é a coleção masculina. “Olhei para o homem contemporâneo, de bom gosto, irreverente e fiz um básico refinado”.

As consumidoras da marca que leva seu nome investem no visual que está do lado oposto do padronizado e se identificam com o charme intelectual. Entre tantas personalidades que prestam reverência a ela, está a artista plástica Adriana Varejão, a atriz Vera Holtz e, mais recentemente, a precursora da arte performática, Marina Abramovic. Dela, Sonia ouviu: “Sabe por que gosto de sua roupa? Porque ela tem espaço para a alma. Você é uma artista porque já nasceu assim”, elogiou.

A voz calma e suave é o oposto de seu ritmo dinâmico.  Sempre vestida de preto, ela usa vermelho em algumas mechas no cabelo, cujo corte é propositalmente irregular, o que lhe dá uma aparência rebelde, que combina com sua postura diante da vida. “Não acredito na cultura do consumo descartável, principalmente nestes novos tempos. Tenho clientes que usam a mesma roupa há 15 anos. Como as coleções são atemporais, uma peça se anexa à outra com uma coordenação perfeita entre elas. Atualmente, me emociono com jovens consumidoras que sentem atração pelo que faço”.

Belo Horizonte é a sua base, onde mantém a fábrica e, há 13 anos, o Espaço Sonia Pinto, no alto de uma ladeira, em Vila Paris. Nele tem até um jardim com uma laranjeira de verdade. Há seis anos, abriu o Espaço Sonia Pinto, em São Paulo, no bairro de Higienópolis. Em ambos, a beleza minimalista domina o decor. No Rio de Janeiro, o reduto da estilista não poderia ser mais perfeito: a multimarcas conceitual Dona Coisa, de Roberta Damasceno.

No seu processo de criação, tudo começa com os tecidos. Antes de desenhar uma peça, ela precisa sentir o toque do pano, porque desperta os sentidos. Depois, inventa os modelos. A habilidade em juntar diferentes texturas sempre surpreende, e está aí o lado misterioso de seu talento.

O padrão Sonia Pinto de qualidade fez com que ela passasse por altos e baixos na carreira, mas nunca pensou em abrir mão de seu estilo. Na década de 1980 lançou a Printemps, e foi uma das criadoras do Grupo Mineiro de Moda, que, na época, revolucionou o mercado com profissionais da mais alta qualidade. Nos anos 1990, adotou seu nome como marca.  “Tive que me reinventar. “A vida não é mais descartável e a moda reflete o tempo atual”, palavra de guerreira. E acrescenta: “Não faço uma coleção voltada para o que o mercado deseja, faço uma coleção que me emocione primeiro”.

O acabamento de cada peça é feito à mão e o resultado final é uma preciosidade, seja uma camiseta, um vestido ou um casaco de alfaiataria. “A essência de uma coleção é a modelagem. Hoje, essas profissionais tão valiosas estão cada vez mais raras. Em segundo lugar, vem a matéria-prima: as duas andam juntas”.

Ela também promove eventos de arte no Espaço Sonia Pinto de Belo Horizonte e no Espaço Sonia Pinto de São Paulo. Em 2015, com a mostra “Preciosidades” reuniu talentos como a ceramista Kimi Nii, Bia Bender com esculturas pintadas, Américo com trabalhos em arame e Rita Lessa, com pinturas, tapetes e objetos marcados por pinceladas artsy. Também apresentou uma série limitada de écharpes ilustradas pelo artista plástico Fernando Vilela, que desde 2012 tem duas obras incorporadas ao acervo do Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York. E também fez um trabalho de pop-up store em Recife e Brasília, super bem sucedido. Em 2010 organizou uma exposição de peças únicas com pintura manual, que foi um grande sucesso.   

Sonia Pinto nasceu em Governador Valadares, Minas Gerais, e começou a trabalhar aos 12 anos em uma loja de tecidos. “Naquela época, aprendi a conhecê-los e nasceu a paixão pelas texturas, mesmo sem prever que, em algum momento, esse conhecimento iria se aprofundar, e um dia se tornaria minha especialidade: reconhecer todas as matérias-primas pelo cheiro e pelo toque. “Requinte vem da alma”, costuma dizer. 

E sua alma sempre une moda e arte com delicadeza incomum!













ver todas noticias