Durante a 17ª edição do Minas Trend, que apresenta as
apostas da moda mineira para a temporada de Inverno 2016, o público presente no
Expominas nesta quinta-feira (08/10) pode conferir a palestra do Fórum de
Inspirações, com um preview dos temas para o Verão 2017. Marnei Carminatti, consultor
do Núcleo de Design da Assintecal, comandado pelo estilista Walter Rodrigues, apresentou
a pesquisa que antecipa as referências inspiracionais dos materiais e
componentes para a próxima estação. Confira abaixo os três conceitos que irão pautar
a cadeia produtiva da moda na temporada de Verão 2017:
CONCEITO 01 - DESLOCAMENTO
O Conceito 01 deve ser o início de uma coleção, pois nas
últimas estações trabalhamos essas imagens, ora como laboratório ora como
apostas, e agora elas finalmente refletem o desejo da maioria dos consumidores.
O Deslocamento do Verão 2017 é baseado na ideia do rompimento de fronteiras,
trazendo consigo o sentimento de aventura, adrenalina, o que há de primitivo no
ser humano, além de uma grande sensação de liberdade. A necessidade do toque
revela uma curiosidade, uma urgência do encontro da mão com texturas inspiradas
em minerais. Tons ferrosos e superfícies metálicas revelam o brilho,
indispensável e onipresente neste conceito. No novo artesanal, tramas rústicas
e materiais sintéticos se aproximam. A ideia é combinar esses elementos
opostos, rompendo fronteiras. Peça ícone dos anos 70, a saharienne criada por
Yves Saint Laurent orienta a forma de vestir do novo herói urbano, com
modelagem utilitária e sem diferenciação de masculino e feminino. Estampas
marcantes da década reforçam a ideia da liberdade de gêneros. Neste momento de
massificação em que vivemos, no qual proliferam produtos sem emoção, o
consumidor vai buscar mais liberdade e aventura em seu cotidiano.
CONCEITO 2 – PERTENCIMENTO
No Conceito 02 nos deparamos com um herói que desperta mais
consciente de sua essência. A percepção de qual é o seu propósito é definida no
momento das escolhas e apostas. É interessante observar que, nas principais
inspirações – ostentação e simplicidade –, a forma e a superfície dos materiais
é que se destacam, sejam douradas ou extremamente naturais. Só percebemos um
produto como especial quando descobrimos que ele tem alma e conteúdo. É
necessário contar sua história e expor sua identidade. Quem acrescentar isso ao
seu processo estará um passo à frente. O
dourado se mantém como referência mor da ostentação, como símbolo de excesso e
vaidade, mas a ideia de riqueza se converte em um visual mais acessível. Na simplicidade,
por sua vez, buscamos conceitos como luxo e exclusividade, formas pura e sem
artifícios são produzidas com materiais nobres. No processo de desconstrução e ressignificação
descobrimos elementos do passado e queremos pertencer a outras épocas. Na busca
pelo retrô, percebemos que esse efeito é possível através de processos
tecnológicos. Referências das décadas de 1950 e 1960, como cores e padronagens
clássicas ressurgem. Quando optamos por pertencer a outro tempo, passamos a
ostentar um conhecimento do passado.
CONCEITO 3 – COTIDIANO
A base inicial da pesquisa do Verão 2017 foi a constatação
de estarmos desprovidos de heróis ou líderes, e de como são importantes esses
arquétipos mitológicos na construção da esperança e da coragem. Vale a pena
pesquisar o livro A Jornada do Herói, de Joseph Campbell, que analisa os mitos
presentes em obras clássicas e contemporâneas. As figuras apaixonadas por
causas aparentemente impossíveis são o
princípio da análise que levou a três importante palavras que definem a força,
o papel e o mundo do herói, respectivamente: minimalista, pop e estranho. A
cidade é o cenário que evoca a transgressão, enquanto uma tipologia minimalista
determina territórios e assinala um discurso, puro e libertário. No imaginário
pop há espaço para personagens que nos encantam por sua beleza ou história.
Andy Warhol é uma importante referência. Já o ambiente que rodeia o herói
revela o aspecto de estranheza, com elementos instigantes e perturbadores.
Alexander McQueen é uma fonte na qual buscamos o fascínio da extravagância.
Outra figura emblemática é a cantora Bjork, artista de vanguarda que faz da
estranheza sua marca registrada. Os componentes devem ser dramáticos e
espetaculares, evocando um mundo ficcional, futurista ou assustador. Experimentações
irão induzir conhecimento e reflexão sobre esse universo complexo para que ele
possa ser repetido e assimilado no futuro.
Confira imagens da palestra nas fotos de Sebastião Jacinto Junior.