Realização
O que é a essência de uma marca? Quais são os
fatores que influenciam para que um produto se eternize e se torne alvo do
desejo das pessoas?
Uma bolsa Chanel é o exemplo concreto de como essas
questões se materializam de forma subliminar dentro do inconsciente das
pessoas.
São muitos os métodos necessários para se
chegar nesse estágio, conforme a palestra Alinhando
a Essência da Marca: Padronização como Ferramenta de Identidade SENAI CETIQT,
ministrado pelo consultor técnico da instituição, Alexandre Bojar, na Escola de
Design da UEMG, na programação de conteúdo da 30ª edição do Minas Trend.
Frisando que o conteúdo apresentado não visa
engessar as marcas, o especialista destacou que, ao contrário, a padronização
de processos e de estilo de produto contribui para o alcance de um nível de
profissionalismo que facilita a vida das empresas.
A ausência dessas
ferramentas vai, segundo ele, afetar o branding, consequentemente o valor de
marca; a reputação, a entrega de valores, a variação do estilo e a dificuldade
de se destacar dos concorrentes.
“Isto pode gerar também problemas na equipe,
porque os colaboradores vão estabelecer padrões diferentes, o que pode causar,
frustração quanto ao resultado, comunicação ruidosa e pouco documentada,
sobrecarga de trabalho”, explicou Alexandre. A dificuldade de treinar esses colaboradores
culminará em um mix de produtos não inteligentes, variações de tamanhos, já que
não existe um padrão de medidas, e dificuldades de escalar o negócio, porque o
tempo para executar o trabalho será muito mais longo e penoso.
“Padronizar é estabelecer uma cultura para
melhorar os processos, manter a qualidade, facilitar a gestão de recursos,
evitar as repetições”, ressalta. O que parece difícil à princípio, vai sendo
aprendido e disseminado dentro das empresas de forma que, depois, tudo flua
naturalmente, enfatiza o especialista, fazendo uma analogia com o cérebro
humano em que o hipocampo, área que gere os novos conhecimentos, é responsável
por disseminá-los automaticamente.
Documentação
A comunicação fluida e documentada também é
primordial para o alcance do êxito. “A empresa não pode perder conhecimentos,
quando um colaborador vai embora. Se isto acontece, ela precisará começar tudo
novamente. E essa comunicação tem que estar sempre ligada ao que é valor para o
cliente”. Uma das providências que os técnicos do SENAI
CETIQT tomam identidade da marca, o propósito – que é seu Norte - e sua proposta de valor – que implica o
cliente e a sociedade.
Vários cases exemplificam o assunto. Alexandre
cita o da marca Patagônia, cujo propósito é salvar o planeta. “Eles têm um
compromisso tão grande com isto, que se comprometem com o consumidor na compra
da roupa. Se ela rasgou, consertam de graça; se o cliente não a quer mais, pode
devolver para que seja revendida”.
Outro exemplo é o da Asas para Voar, que mira
o homem empreendedor. “O propósito de valor é o conforto e a ergonomia. Há uma
tabela de medidas que permite que qualquer pessoa, no lugar onde estiver, possa
efetuar uma compra assertiva”.
A lista é grande, inclui ainda Dove e Natura, na
área da beleza, entre outras. No setor da moda autoral, há Alexandre MacQueen e
a Comme des Garçon, cujos estilos revelam toda a potência do propósito de valor
nas passarelas e como transportam o conceito para a moda comercial com
maestria.
Para orientar as empresas na área da criação
de produtos, o SENAI CETIQT tem como
referência o que ficou conhecido como Pirâmide de Walter, método criado pelo
designer Walter Rodrigues, em que 10% da produção fica no topo das inovações
(moda autoral); 30% na área de adequação (verificação do que foi feito nas
coleções passadas e pode ser readequado); 60% na de massificação (investimento no
que é tendência de mercado). “Nós acrescentamos mais um item nessa pirâmide,
que são os produtos permanentes, sempre presentes nas coleções, porque são
fáceis de usar, tem preço melhor e todo mundo gosta e compra). E, depois,
partimos para investigar os atributos de cada categoria”, ressalta.
Identidade do produto
O próximo passo é trabalhar a identidade do
produto que vai passar por etapas, incluindo recursos humanos (o que inclui o
chão de fábrica, costureiras, modelistas, pilotistas, etc); recursos
tecnológicos (que significam os equipamentos disponíveis); e a eficiência (que
compreende treinamento).
Nesse processo, a modelagem soma
consideravelmente, exigindo uma conferência frequente da tabela de medidas. O SENAI CETIQT fez um projeto medindo corpos de
pessoas no Brasil inteiro com um recorte para cada região, que funciona como
uma referência, observando busto, cintura, quadril e considerando, ainda, o
quadril alto, o que contribui fundamentalmente para o levantamento das bases de
modelagem e, consequentemente, permite a variação delas. “Nosso objetivo não é
engessar, mas sabemos que tais medidas fortalecem a identidade da marca, a
gestão da produção e a comunicação ágil”, diz Alexandre.
Para completar, os acabamentos também se
incluem dentro da proposta de valor e têm que ser usados de acordo com esse
conceito. “O cliente dará valor ao produto e entenderá o motivo de estar
pagando mais caro por ele, dentro do que chamamos de padrão de estilo”. O SENAI CETIQT criou um Gua de Estilo, que
permite que a empresa transite facilidade e agilidade por todos os processos de
desenvolvimento de produtos. “A essência de marca faz com que um produto seja
reconhecido, as pessoas conseguem identifique o estilo, e é resultado de todas
as etapas desses processos”, afirma o especialista.
Esta edição do Minas Trend é uma
realização do SESI, SENAI e FIEMG, com apoio master do Sebrae Minas e patrocínio da Câmara de Dirigentes
Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e Bling e conta com apoio do Governo de
Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais,
da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, da Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Social e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente,
Prefeitura de Belo Horizonte e P7 Criativo.
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