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15 de Maio

Reunião da Câmara da Moda debate concorrência desleal das plataformas asiáticas

“As plataformas asiáticas são concorrentes desleais do mercado nacional” , afirma Mariângela Marcon
Durante reunião na FIEMG, presidente da Câmara da Moda da Federação mineira apresentou pesquisa que aponta os impactos da atuação das gigantes chinesas no mercado nacional

A concorrência desleal de empresas estrangeiras com os setores produtivo e varejista brasileiro foi tema da reunião da Câmara da Moda da FIEMG, realizada no dia 12 de maio, na sede da Federação. O colegiado é presidido por Mariângela Marcon, que apresentou um levantamento* realizado por sua equipe que aponta que, apesar de grande, o setor Têxtil e de Confecção (T&C) brasileiro sofre sérios prejuízos com a atuação de grandes plataformas asiáticas no país. 

Segundo o estudo, o setor T&C ocupa o 5° lugar no ranking mundial, com um faturamento de R$190 bilhões por ano. São 22,5 mil empresas, que geram 1,34 milhões de empregos diretos e movimentam R$ 25,2 milhões em salários e remunerações. “O Brasil é um dos poucos países do mundo com produção em todos os elos da cadeia de produção, desde os mais conhecidos, como costureiras e fornecedores de insumos, até o envolvimento de agentes mais específicos, como universidades e grandes centros de pesquisas”, explica Marcon.

“Entretanto, importamos US$ 5,9 bilhões, o que resulta em um saldo negativo de US$ 4,8 bilhões na balança comercial nacional”, comenta Marcon, que esclarece que 12,3% das indústrias do setor estão em Minas Gerais. A empresária destacou que a produção industrial do setor foi 8,4% menor que 2021 e aponta a atuação de diversos marketplaces internacionais, como as conhecidas Shein e Shopee, como concorrentes desleais ao setor produtivo nacional. “Esses produtos transitam em nosso país até o consumidor final sem pagar nenhum tipo de imposto. O faturamento da Shein no mercado brasileiro em 2022 foi de R$8 milhões, com 200 milhões de peças enviadas ao Brasil. O faturamento da varejista chinesa equivale ao de empresas de grande porte e tradicionais, que estão perdendo mercado e que, consequentemente, deixam de gerar emprego e renda em nosso país”, reforça.
 
A presidente da Câmara do Vestuário e Acessório da FIEMG destacou também que a gigante asiática está isenta do imposto de importação padrão de 16,5%, e da tarifa específica da China, de 7,5%. “Tem vantagens até mesmo nas  embalagens, que são isentas de inspeção alfandegárias, o que permite que a Shein envie diretamente aos consumidores especificar, por exemplo, a fonte do algodão utilizado”, citou como exemplo.

A pesquisa mostra também que a atuação de plataformas asiáticas prejuízos e perda de empregos formais no Brasil, sendo que a cada R$1 bilhão de vestuário importado, cerca de 5 mil empregos são perdidos na indústria do vestuário, além de outros 700 indiretos. 

“O que queremos, e precisamos, é que ocorra uma discussão justa sobre a taxação das plataformas asiáticas que vendem diretamente ao consumidor brasileiro sem o devido pagamento dos impostos”, reforça Marcon.  “Além de não termos garantia dos produtos oferecidos, pois os processos de produção não são mapeados, a atuação dessas plataformas minam a competitividade da indústria e do varejo nacional causando danos irrecuperáveis, por se tratar de uma concorrência irregular e desleal”, afirma.

*Levantamento realizado pela Câmara da Moda da FIEMG levou em consideração dados da Revista Costura Perfeita, edição de março de 2023, dos sites Ecommerce Brasil e Inteligência de Mercado (IEMI), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).


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