Roberto
Gomes, da Fellow Startup, discute sobre como a tecnologia e a inovação vem
transformando o mercado fashion
Um robô que escolhe as roupas
e te ajuda a vestir? O que vem à sua mente quando alguém fala em Inteligência
Artificial (IA) aplicado ao mundo da moda? Esse foi o tema da palestra de
Roberto Gomes, da Fellow Startup. O bate-papo faz parte da 29° edição do Minas
Trend e aconteceu no prédio da P7 Criativo.
"Na prática, trata-se de
empregar algum mecanismo de inteligência artificial em alguma parte da cadeia
de valor da indústria da moda", definiu.
Segundo ele, a IA é um termo
"guarda-chuva" que abrange um conjunto de processos, métodos,
ferramentas e técnicas para atingir o objetivo de fazer com que os computadores
se comportem de forma inteligente, como os humanos.
"Isso inclui habilidades
como raciocínio, resolução de problemas, recuperação da memória, planejamento,
aprendizagem, processamento da linguagem natural, percepção, manipulação,
interação social e criatividade", explicou.
Roberto também destacou a
velocidade absurda com que a tecnologia vem evoluindo em comparação com a
própria história do ser humano. "Nós levamos 6 milhões de
anos para desenvolver o cérebro que temos hoje, com todo o seu nível de
complexidade. Já a capacidade de processamento de um computador dobra a cada 18
meses, em média. Isso mostra o potencial que a IA ainda tem para evoluir",
analisou.
Mas, segundo ele, essa
"competição injusta" não é algo ruim e a tecnologia serve justamente
para automatizar atividades maçantes ou repetitivas e permitir que o ser humano
dedique tempo a outras atividades. "Inclusive, em várias
etapas da IA é preciso que o ser humano ensine corretamente a máquina para que
ela consiga automatizar as soluções", destacou.
Sobre o seu uso prático no
mercado fasihon, são inúmeras as funções que uma IA pode assumir na cadeia de
valor deste segmento. "Ela pode ser aplicada em
atividades como execução, produção, marketing e distribuição - abrangendo
produtos e serviços", afirmou.
Roberto também destacou que
uma mesma IA pode combinar diversas funções em uma mesma solução, como
robótica, reconhecimento facial, visão computacional, chatbot e reconhecimento
de voz.
"Uma outra questão
interessante para as empresas pensarem é quanto de recurso será empregado para
investir em uma IA que vai fazer a mesma função que um funcionário faz. Um
exemplo disso são os scanners que fotografam o corpo do cliente e conseguem
geram medidas como um alfaiate faria", disse.
Ele também citou diversas maneiras
que a IA pode ser aplicada ao mercado da moda. No e-commerce, por exemplo, as
marcas podem contar com um provador virtual, robô de atendimento e assistente
de estilo virtual.
"Para a logística e
estoque podemos usar a IA para previsão de demanda e robótica de armazém. Já
para o design, podemos usá-la para prever tendências. Lembrando que as
tecnologias podem se complementar: se a marca prevê quais tendências vão vender
mais, isso também ajuda a prever a demanda de peças e favorecer o planejamento",
exemplificou.
Ele pontuou que o setor de
previsão de tendências, inclusive, tem se tornado até um setor específico
chamado "trendhunter".
"Análises de Big Data,
Machine Learning, Image Recognition e insights de consumo e redes sociais podem
apontar tendências de cores, estampas, padrão de corte e modelos de
consumo", afirmou.
Outro destaque são os espelhos
virtuais, que fotografam o corpo do cliente e oferecem sugestões de peças.
"A IA consegue sugerir
tamanhos personalizados, recomendações de estilo, integração com sistema de
pagamento e integração com a logística de entrega do produto. Com um sistema
desses, a loja não precisa ter um espaço muito grande e nem um alto número de
peças em estoque pois a experiência estará concentrada virtualmente", falou.
Outro case interessante é a
tecnologia de antifalsificação que consegue, via imagem, identificar se uma
peça é original ou réplica. "Também destaco a
tecnologia como ferramenta para a sustentabilidade e produção têxtil. Já temos
IA que faz controle de pragas em plantação de algodão e outro que trança fibras
da casca do abacaxi para gerar produtos", exemplificou.
Assim, são inúmeras as
possibilidades que a IA oferece para o campo da moda e algumas são, até mesmo,
imprevisíveis. "Por mais que façamos
análises, é impossível saber como estaremos daqui a um ou cinco anos. Também
temos a influência governamental sobre até que ponto uma IA pode ser
desenvolvida. Apontamos caminhos, mas fazer um exercício exato de futurologia é
muito difícil", arrematou.
O Minas Trend é uma realização do SESI, SENAI e FIEMG, com apoio master do Sebrae Minas e patrocínio da CDL, Bling e Banco Inter.
Redação e imagens: Rodrigo de Oliveira/Content.PR