Alessandra Rubim, do Sesi MG, bateu um papo sobre direitos
humanos e como isso tem se tornado uma preocupação das grandes empresas
O
primeiro dia de palestras no prédio da P7 Criativo começou com um
questionamento sobre como direitos humanos, igualdade e responsabilidade social
podem afetar na construção de uma marca. A palestra "Marcas e direitos
humanos" foi ministrada por Alessandra Rubim, do Sesi MG, e faz parte da
29ª edição do Minas Trend.
Com
um breve resgate histórico, Alessandra relembrou que, há algumas décadas, os
direitos humanos não contemplavam todas as pessoas e isso só começou a mudar a
partir de 1.940.
"Foi
só com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, e com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, que passamos a assegurar
direitos básicos para todos - incluindo mulheres", pontuou.
A
partir do momento em que a sociedade avança e passa a ser responsabilidade do
Estado criar ferramentas para assegurar o cumprimento desses direitos, as
empresas também começam a se preocupar com essas questões.
"Os
estados devem prevenir, investigar, punir e reparar os abusos aos direitos
humanos. Se uma empresa não cumpre os padrões mínimos de respeito aos direitos
humanos previstos em leis e regulamentos nacionais, elas podem responder
perante as instâncias judiciais ou administrativas responsáveis", alertou.
Alessandra
também pontuou o papel que as empresas podem ter para impactar positivamente
(ou negativamente) nos direitos humanos.
"A
violação dos direitos humanos, como os escândalos envolvendo trabalho escravo
ou infantil, podem simbolizar um alto custo para as empresas - não só
financeiramente, mas também na reputação de uma marca. Portanto, as empresas
devem proteger e tutelar esses direitos", afirma.
Ela
também pontuou que há diversas maneiras de uma marca se posicionar a favor dos
direitos humanos. Abandonar termos ofensivos e não objetificar determinados
grupos é uma dessas formas.
"Uma
boa marca, atualizada e conectada, entende que seu posicionamento deve passar
longe da incitação ao discurso de ódio. Uma boa marca também entende a
importância da diversidade, age de forma empática com todos e respeita as
minorias", disse.
Nesse
contexto, a moda também pode ser um espaço de educação acerca desses temas,
impactando a sociedade como um todo.
"Moda
é comunicação e pode provocar mudanças culturais. Por isso, a moda também pode
servir de meio de comunicação para os direitos humanos", garante.
Por
fim, Alessandra trouxe alguns exemplos de como as grandes marcas encontraram
maneiras efetivas de impactar positivamente a comunidade nas quais estão
inseridas.
A
Reserva criou uma linha de camisetas com estampas ligadas aos direitos humanos
e com 100% do lucro revertido para ONGs e projetos sociais. Além disso,
cada peça vendida viabiliza a entrega de cinco pratos de comida a quem tem
fome. A empresa também pratica políticas de diversidade e inclusão nos
seus processos de contratação e oferece 30 dias de licença paternidade. A
Reserva também utiliza linhas de produto com algodão reciclado.
O
Grupo Malwee investe em sustentabilidade e lança grandes coleções batizadas de
"Verões", "Invernos", "Outonos" e
"Primaveras".
A
ideia é promover o uso de peças que podem ser repetidas a cada ano e combinadas
com novas tendências.
Desse
modo, a marca também lançará menos coleções intermediárias, as chamadas
"cápsulas".
Já
a Hering assumiu o compromisso de atuar com 100% da rede de fornecedores
certificados e monitorados.
Além
disso, mais de 80 toneladas de sobras de tecido e malhas são reaproveitadas em
novas peças.
A
marca também criou o projeto TRAMA AFETIVA, iniciativa da Fundação Hermann
Hering (FHH), que visa reunir criativos para repensar consumo e questionar os
padrões sociais existentes, usando o design como ferramenta de transformação
social para o coletivo.
Assim, respeitar e
incentivar o cumprimento dos direitos humanos, é uma forma de posicionar a
marca de forma positiva no mercado, atraindo clientes e assegurando o respeito
às minorias, ao meio ambiente e às questões urgentes do nosso planeta.
O Minas Trend é uma realização do SESI, SENAI e FIEMG, com apoio master do Sebrae Minas e patrocínio da CDL, Bling e Banco Inter.
Redação e imagens: Rodrigo de Oliveira/Content.PR