PRIMAVERA - VERÃO 2019

Minas Trend - Primavera - Verão 2019

09 de Outubro

Sustentabilidade e fluidez de gênero se destacam como temas mais fashion do Minas Trend

A sustentabilidade e a fluidez de gênero são assuntos recorrentes nessa temporada da semana de moda mineira, reforçando a atemporalidade das criações de algumas marcas. Cada vez mais o conceito slow fashion vem sendo executado no lugar das tendências passageiras, o que faz com que as pessoas passem a pensar a aquisição das peças com um olhar de longo prazo. 

A frase acima mistura dois conceitos que poderiam soar bem distantes, mas se misturam na hora da criação, já que a maneira de pensar a moda, ignorando rótulos, inaugura um novo jeito de criar. 
É assim que marcas como Lucas Magalhães, Molett, LED e Miêttá têm pensado o desenvolvimento de suas peças, várias delas feitas para vestir homens e mulheres e todas criadas para durar por muito mais de uma temporada. Foi inédita nessa estação, também, a representatividade masculina na passarela do Minas Trend, um evento cuja moda é essencialmente voltada para mulheres. Quando a estilista Bárbara Monteiro, designer da Molett, marca que tem o moletom como matéria prima fundamental, cria suas peças, o conforto é sua principal prioridade. “Penso se o gavião está no lugar certo. Se a peça está com corte do jeito que eu quero, se vai vestir bem. Se um homem ou uma mulher vai vestir aquela peça é secundário, minha criação deve ser universal”, diz Bárbara, que acredita que o estilo street tem um apelo maior pelo próprio shape das peças, que costuma ser oversized e vestir melhor em todo mundo. O fator atemporalidade também conta pontos a favor. “Para essa coleção, uma das matérias-primas foi o plástico”, conta Bárbara. “Queríamos muito que esse plástico viesse do fundo do mar, ou mesmo do lixo, algo reciclado, mas não conseguimos fornecedores para isso, pois não somos grandes o suficiente. Então, o melhor que pudemos fazer foi revestir nossas peças com o material novo para que elas durem por muitos, muitos anos e passem de geração em geração. Isso também as torna sustentáveis”, diz.   

Vencedora do Ready to Wear da temporada passada, a LED, de Célio Dias, compartilha o mesmo raciocínio. “Nunca penso em gênero na hora de construir minhas peças e sempre foi assim. Minha família toda trabalha com moda e já passei muito tempo em confecções de roupa de festa. Hoje, quando penso uma modelagem, faço para quem quiser vestir e se sentir bonito(a) naquele look”, diz Célio, que veste ícones da fluidez de gênero, como Liniker e Candy Mel, da Banda Uó. Célio também não gosta de focar em tendências. “Você pode notar que não tem uma peça vermelha nas minhas araras. Não gosto de seguir o catálogo dos fornecedores. Se não estiver de acordo com o que eu quero criar, não tem conversa”, diz mostrando peças ultracoloridas, como os blusões em crochê feito com reaproveitamento de tecido e as camisetas com slogans emblemáticos que, segundo o designer, refletem a intenção da marca. Nas blusas pode-se ler frases como “Vai Planeta” (em referência ao desenho animado dos anos 90 “Capitão Planeta”) e Bicha Pwr. Para Célio, as cores também são muito importantes. “A gente tem que parar de achar que peças que vestem qualquer gênero têm de ter tons neutros. Todo mundo pode vestir todas as cores”. 

Os slogans escritos também são marcas registradas da Miêttá, uma das vencedoras do concurso Ready to Go nesta temporada. O desginer Fábio Resende acredita que a fluidez de gênero não se restringe a um só estilo. “Isso tem muito mais a ver com o perfil do cliente que vem consumir”, afirma. “Um consumidor com cabeça mais aberta pode comprar até roupa de festa, um camisão de tecido nobre, por exemplo, que veste homem e mulher para uma ocasião especial”, diz. A Miêttá tem como carros-chefes as camisetas-vestido em malha premium (com um toque bem especial). A de maior sucesso carrega em dourado a inscrição “fêmea”. Alheias às tendências, as peças da marca têm como característica sustentável a durabilidade, tanto pela qualidade do produto, quanto por não seguir nenhum tipo de “modinha”. Aliás, a semana de moda mostra que tendência é comprar melhor, sem preconceitos.

O desginer Célio Dias, da LED
Fábio Resende, da Miêttá
Estilista Bárbara Monteiro, da Molett
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