PRIMAVERA - VERÃO 2017

Essência

20 de Janeiro

Fatto in Brasile – Vogue Itália destaca a moda e o design de Minas e do Brasil

Reportagem apresentou o Minas Trend, evento promovido pela FIEMG, como uma das mais importantes semanas de moda do país

A revista Vogue Itália, uma das mais conceituadas publicações em moda e comportamento do mundo, trouxe em sua edição de janeiro de 2016 uma matéria especial sobre as raízes culturais brasileiras, com destaque para a moda mineira.  

A reportagem é resultado da Semana de Minas Gerais em Milão, promovida em outubro de 2015, durante a Expo Milão, feira que reuniu mais de 140 países na Itália. Durante sete dias, diversas ações diplomáticas, empresariais e comerciais foram realizadas entre o país sede da feira e o estado, e os visitantes puderam conhecer ainda a diversidade cultural mineira, destacando sua gastronomia, o design e a moda.

Francesca Reboli, autora do texto, informa que em Minas concentram-se muitos dos recursos e atividades do mundo do design e da moda — 15% de toda a indústria do setor, e ressalta o Minas Trend como um dos mais importantes eventos de moda do país.

Ela também faz uma análise sobre como a moda e o design no país vem trabalhando suas raízes, reforçado o “feito no Brasil” como característica principal de nossa identidade e cultura.Veja abaixo alguns trechos da reportagem, editada. Para a matéria original e completa, clique aqui (em PDF).


Brazil Back to Roots – por Francesca Reboli

#FeitoNoBrasil é uma hashtag que circula com afinco e constância nas redes sociais do país sul-americano. Revela um desejo que destaca a importância da brasilidade ou a fidelidade à identidade nacional, uma mistura de etnias, inspirações, culturas e religiões que representa o Brasil desde a sua fundação.

Na moda e no design, os criadores retornam às raízes da cultura brasileira. Resgatam técnicas e materiais antigos remodelando os códigos estéticos contemporâneos. Como destaca Dijon de Moraes, designer com mestrado no Politécnico de Milão e reitor da UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais “o nosso design, como também a moda, a música, o cinema e a arte nos oferecem um modelo multi estético, experimental, livre e espontâneo. A sua principal característica é a diversidade e pluralidade, a acentuada origem mestiça, híbrida”.

A exaltação criativa dessa identidade múltipla não é para os brasileiros, como se poderia pensar, uma reação espontânea, um reflexo natural. É na realidade um resultado de mais de cem anos de história. Durante todo o século XX, o Brasil desenvolveu um complexo de inferioridade em relação à Europa e a América do Norte, tendo como consequência imediata à baixa autoestima nacional e o desejo de copiar e/ou importar os modelos provenientes do exterior, em particular no que diz respeito ao design e moda europeus.  A situação se inverteu nos últimos anos, graças ao forte crescimento econômico e ao papel decisivo do Brasil na América Latina que, depois do mundial de futebol, em agosto hospedará as Olimpíadas no Rio. Esta posição de não subordinação liberou novas energias e mobilizou os jovens criadores que, sem mais o complexo do “vira-lata”, se dedicam a decodificar o inesgotável reservatório da heterogênea cultura local. Emergem nomes, novas personalidades do setor e também regiões inteiras como Minas Gerais, estado em que se concentram muitos dos recursos e atividades do mundo do design e da moda (15% de toda a indústria do setor).

Também é de Minas um dos fashion designer mais bem sucedidos e líder dos guardiões do legado nacional: Ronaldo Fraga. Seu trabalho está à procura do DNA de uma moda que seja profundamente brasileira, trabalhando o resgate dos tecidos, cores, motivos e tradições. Em cada coleção, se propõe a celebrar uma parte significativa do Brasil, homenageando grandes nomes brasileiros, como Zuzu Angel - grande inovadora do made in Brazil, o poeta Carlos Drummond de Andrade, ou ainda Lampião e Maria Bonita - míticos sertão brasileiro.

“Trabalho com seda, linho e algodão produzidos no Brasil, prefiro tonalidades solares como laranja e azul, e procuro sempre estabelecer uma ligação entre o artesanato do ‘feito à mão’ e a produção industrial nacional. (...) Ainda estamos no início do processo que leva ao reconhecimento da moda como um vetor cultural”.

Traduzindo: o sistema da moda do Brasil ainda tem muito a ser construído. Mas a notícia é positiva, há espaço para fazer. É o que demonstram marcas como Faven, Llas, Lino Villaventura, que participam do Minas Trend, a semana  da moda do estado de Minas Gerais, dentre as mais importantes do país com 15 mil visitantes.

O design segue o mesmo caminho. Em um ambiente “informal e quente” como o define Zanini de Zanine, playmaker carioca, se trabalha “mergulhando na herança dos artesãos, nas profissões esquecidas, nas atividades quase extintas”. Rodrigo Calixto, que com o sócio Guilherme Sass fundou o atelier-laboratório Oficina Ethos destaca: “O artesanato sempre desenvolveu um papel decisivo na nossa cultura. Acredito que o feito à mão brasileiro seja o caminho a ser percorrido para o futuro do nosso design, que sempre se nutriu das descobertas e do desenvolvimento de muitos artesãos regionais. É atitude low-tech de defesa e preservação das nossas raízes históricas que hoje distingue fortemente o nosso trabalho e o diferencia dos americanos e europeus, que são mais hi-tech”

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